domingo, 5 de junho de 2011

Fight Day!

Sábado foi dia de Fight Day!, isto é, nerdalhada reunida em casa e perfilando todos os jogos disponíveis de luta para PS3. Entre eles: Marvel VS Capcom 3, Mortal Kombat 9, Tekken 6 e Super Street Fighter 4. Durante os jogos, consegui catar algumas pérolas nerds largadas pelos meus amigos. Os personagens (R., P., T., G. e M.) tiveram seus nomes preservados para garantir a sobrevivência neste mundo hostil.

Durante a tela de seleção do Mk9

M.: Por que o Kratos aparece duas vezes na tela de seleção de personagem do mk9?

G.: Por que, cansado da Grécia antiga, ele resolveu dominar Netherrealm e tá começando pelo jogo. Cada vez que tu ligar de novo, vai ter um Kratos a mais na tela de seleção. Em breve só terá Kratos para escolher. Sinal de que ele já dominou este reino...

Durante uma luta entre Kung Lao (R.) e Jax (G.)

P. para R.: Teu Kung Lao tá apanhando... revida, revida.

R.: não consigo, não consigo, o Jax é mais forte.

P.: tinha que existir uma lei Maria da penha para essas coisas... lei kung lao...

Durante uma luta entre Noob Saibot (T.) e Scorpion (G.), P. chega do banheiro e pergunta:

P.: Quem é o Noob?

G.: O noob é sempre o T.

Durante a tela de seleção de personagens do SSF4, ao ser selecionado o random, M. pega o personagem Guy, ao que P. começa um pequeno relato sobre como a sexualidade de uma pessoa está diretamente ligada ao personagem que ela escolhe em determinados jogos:

P. No Final Fight, jogar com o Guy é atestado de bichisse. Até pegar o Cody já é meio suspeito... Enfim, resumindo, não jogar com o Haggar no Final Fight é assumir a homossexulidade. Assim como no Golden Axe; só dava para jogar com o anão, senão é veado.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Esses jogos de hoje...


Esta imagem serviu-me para lembrar uma conversa que já tive com alguns amigos: hoje em dia, só não vira um jogo quem não quer (ou quem não tem tempo para isso). Falávamos isso justamente enquanto um de nós jogava God of War 3 (um jogava e os outros analisavam as jogadas, com mais críticas do que conselhos... o que fazer? é jogo de um). Kratos, caía de um precipício, vinha a mensagem YOU ARE DEAD, para logo depois nosso anti-herói estar de volta tentando pular aquela parte difícil. Kratos era morto por Hércules... mesma coisa. São continues infinitos. O absurdo é tanto que, se em determinado ponto você morrer demais, surge uma mensagem perguntando se você não quer diminuir a dificuldade do jogo.
Provando que a história antigamente era diferente, havia um jogo que o próprio nome era uma ironia: The Immortal do Mega Drive. Immortal my ass, o cara morria por pisar em qualquer quadrado errado. Este foi, na minha opinião, um dos jogos mais difíceis já produzidos. Quem virou, realmente merece meu respeito. Outro que é interessante ressaltar é o Shadow of the Beast. Para começar o jogo não fazia muito sentido: você controlava um ser roxo, numa terra que parece ter saído de uma viagem de ácido de um hippie. Mas o maior problema é a dificuldade do jogo; você precisa enfrentar criaturas que voam por todos lados ou que cobrem metade da tela da TV com uma maravilhosa arma: um soco!!
As facilidades dos jogos de hoje são inúmeras: continues infinitos, vidas infinitas, munição infinitas, saves... Na minha época de início de gamer, lá nos anos 90, eram raros os jogos que tinham saves ou continues. Um que outro tinha o esquema do código, mas naquela época não tínhamos a facilidade da internet para usarmos estes cheats. Ficávamos a mercê das revistas mensais de videogames, torcendo para que eles respondessem a carta de alguém com a mesma dúvida que a nossa... A carta!!!! Éramos vítimas dos correios, não tinha e-mail. Nem tínhamos certeza se nossa carta ia chegar no destino. Que tranquilidade que é hoje, não? Você liga o computador e em segundos tem ou o código, ou o cheat ou até mesmo o save do jogo virado e com todas as armas, munições e roupas possíveis.
Lembro-me uma vez, em 1994, quando estava empacado no Maniac Mansion do Nes (carinhosamente chamado de nintendinho americano) e a única pessoa que sabia o que fazer morava há uns 10km da minha casa e não tinha telefone. Não tive dúvida, fui até lá só para saber o que fazer. E pior que não era pouca coisa. Não sei como, mas decorei tudo.
É, os gamers dos anos 90 eram heróis, pois precisavam virar seus jogos com muito suor e raça, diferente do que acontece hoje em dia.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Jogo rápido

Ontem, jogando Perfil 4 com Lu e Alexandre, transcorreu o seguinte diálogo:
Alexandre: Sou uma coisa, qual dica que tu quer?
Lu: Dica nº 3.
Alexandre: Tenho cara de cavalo.
Lu: Sarah Jessica Parker.

Galaxye - Capítulo I - Parte II

Hoje é sexta-feira e não me cante aquela música sertaneja insuportável. Em vez disse, delicie-se na parte seguinte do Galaxye.

GALAXYE

CAPÍTULO I

Parte II

Todos entram no carro e seguem viagem. A estrada parecia cada vez mais vazia. Nenhum carro no sentido contrário. A faixa amarela some por debaixo dos faróis do Galaxye. Grino acende seu último cigarro. A fumaça vai preenchendo pouco a pouco todo o interior do carro espaçoso. D.B. está limpando sua Desert Eagle, quando se dá conta que deixara seus óculos escuros no outro carro.

- Foda-se! - fala D.B. despedindo-se dos óculos.

- Quando quiseres - responde Ângela.

- Não falei contigo.

Grino solta uma pequena risada pelo canto da boca lembrando das boas fodas com Ângela. Deixando a arma dentro da pasta preta D.B. aperta mais um pouco o curativo feito no braço e veste sua jaqueta de couro.

Rocco abre outro papelote de stardust, mas desiste de aspirar. Apenas deita a cabeça para trás e deixa que os pensamentos passem por sua cabeça e o leve para onde quiserem. Em milésimos de segundos está em uma sala muito grande. Paredes brancas, os únicos móveis são a cadeira e a mesa onde Rocco encontra-se. Ele vê uma porta aparecer no fundo da sala, muito longe dele. Alguém aparece na porta, acena para ele e o chama. Ele levanta-se e vai em sua direção. Tenta visualizar melhor a pessoa que está lá. Cada vez que ele reconhece quem é, muda a pessoa, assim sucessivamente, sem que ele nunca saiba ao certo quem está lá. Ele vai em direção à porta, mas não consegue aproximar-se. A cada passo que dá, o chão da sala aumenta de comprimento enquanto as paredes diminuem de tamanho. Ele começa a correr e o chão aumenta mais rápido enquanto as paredes diminuem mais depressa. A porta continua longe, ainda tem alguém lá, mas o chão inexplicavelmente sumiu. Ele está flutuando, não, está caindo. Ele olha para cima, a pessoa está lá em cima, diminuindo, mas estendendo a mão para ele. Ele tenta alcançá-la, ele está voltando, está chegando mais perto, o rosto continua a mudar. Quando está prestes a alcançá-la a pessoa recolhe a mão, vira-se e vai embora. Ele começa a cair novamente, mais rápido ainda, no escuro, nada se vê. De repente vê água debaixo dele, vai cair na água. Mas à medida que se aproxima, a água parece endurecer, congelar, está prestes a se chocar no gelo. Mas o gelo é fino. Ele fica surpreso ao ver uma rachadura no gelo exatamente onde ele vai cair. Atravessa a fina camada de gelo sem sentir o impacto, mas a água gelada lhe bate no rosto como uma bola de basquete cheia de água. Seu corpo vai esfriando aos poucos, ele sente que vai morrer em poucos segundos, quando surge um raio de sol. Ele esquece a água, o gelo, a sala e olha o sol, tudo para ele é o sol. Sente-se aquecido, esquece os problemas. Mas a luz do sol não é eterna. Vem a noite e a falta de calor. A água tornou-se fria como nunca, congelando todas as extremidades de seu corpo e fazendo com que elas caiam uma a uma. Ele pode ver seu rosto necrosado no reflexo da água. Ele sente a morte de aproximando-se, sua alma saindo aos poucos de seu corpo. Quando o último resquício de alma está deixando o seu corpo o sol volta a brilhar, fazendo com que se recomponha novamente para que logo a noite venha tirar mais um pedaço de sua alma. Mas uma turbulência interrompe tudo e Rocco volta à realidade com D.B. sacudindo seu braço e chamando-o.

- Rocco, está dormindo de olhos abertos. É sua vez de dirigir. Está de tanque cheio? Vai ser uma longa noite. Seu turno vai até às 6 horas.

Rocco olha para o relógio que marcava 11h 38 min. Grino acordou quando o carro parou no acostamento. Perguntou quem era o motorista desta vez. Ao ver Rocco assumindo a direção voltou a dormir depois de pedir que o acordasse quando passasse por um posto de gasolina. Ângela sentou-se no banco traseiro ao lado de D.B..

- Posso deitar minha cabeça no seu colo – perguntou Ângela a D.B. com um pequeno sorriso maquiavélico no rosto.

- Não encoste em mim – respondeu D.B.virando o corpo para a janela e tentando pegar no sono – você ainda está viva.

- Você é um doente.

D.B. preferiu não discutir o mérito de quem seria mais doente ali naquele grupo, tentou pegar no sono. Seu braço ainda doía, mas nada que lhe restringisse algum movimento. Adormeceu imaginando como seria sua vida se a sua namorada ainda estivesse viva. Ele sabia que ela acabaria morta de qualquer jeito.

Todos dormiam, menos Rocco. O velocímetro marcava 140 quilômetros por hora, tinha pressa de chegar, mas não sabia onde, nenhum deles sabia.

Depois de um sono pesado, Grino acorda quando chegam num posto. O dia começa cinzento. Ainda com o sonho na cabeça, "Acho que encontrei amor de verdade", pensa. "Já tive um, já tive mais que isso". Tinha conhecido na internet, conversando sobre bobagem. Vida rebentada, um monte de letras numa tela branca, não podes ver a cara da outra pessoa lá. Só a alma. "Como se eu tivesse uma", pensa. Não sabia mais nada sobre ele, só que era perfeito, tinha lido todas as coisas certas, medos parecidos, mas vidas diferentes. Tanta coisa tinha acontecido, tanta merda tinha rolado por debaixo da ponte, nada resolvido, e um corpo que não obedece. Tinha visto de tudo, tinha feito de tudo, não sabia quantas pessoas tinha matado. Sente-se como se estivesse em alguma história ruim, daquelas vendidas em papel jornal. Não sabia onde tinha descoberto os gostos que comandavam sua vida. "Nunca vou poder ter uma porra de uma família, nunca vou poder ter a porcaria da casa de cerca branca, sair de noite num cinema. Nunca me preocupar com os outros enquanto o beijava no parque, nunca ler o jornal depois de ter feito amor". Lembra de todas as pessoas que amou de verdade, e como ele sempre acabava por machucá-las, algumas de forma menos metafórica que as outras. Se lembrou de Lívia, e seu olho roxo, se lembrou do rosto de Marcos, e suas lágrimas de cristal, lembrou até dessa que tinha por agora. Amor real, imediato, mas sempre emperrado. De que adianta? De que adianta? O dia começava cinzento, e se olha no espelho. "Tenho que fazer a barba" e se levanta.

Todos pegam suas respectivas armas colocam-nas na cintura. Grino e Ângela saem do carro. Semblantes pesados, dores diferentes. Rocco parecia não ter dormido, mas se bem que parecia que ele nunca tinha dormido. D.B. segurava o braço onde tinha sido machucado, Rocco segurava o braço onde não tinha mais veias. Ângela tinha uma cara cansada, Grino com um leve sorriso no rosto. Ângela tremeu, sabia o que aquilo significava. Não tinha escapatória para ela, fadada a ter que implorar por ser amada. Ela não era fria, ela era uma mulher simples e ainda é. Quer casa, comida, marido, mas não sabe como pedir, não sabe o que fazer.

* * *

Faz pouco tempo que ela começou a caminhar. Tem coisa de nove meses. Não sei se isso é muito ou pouco tempo. Não sei de nada, eu não nasci para ser mãe. Na realidade, eu não nasci para ser nada. Mas é uma guria bonitinha até, não parece ser muito burra. Ela tem cabelos pretos como eu, mas acho que vai ser melhor que eu.

Estão batendo na porta, deve ser a minha encomenda. Sessenta e quatro contos na minha mão, eu pego o pacote. Lá dentro, uma dose até decente de o que quer que seja. A menina chora de novo, acho que eu tenho que dar um nome para ela. Não gosto dessa história de ter de cuidar de alguém que não pedi para estar aqui. Ela cheira mal, afinal de contas, se caga nas calças, eu não quero ter uma cagona por filha.

Faz ano e meio que eu e o Grino nos conhecemos. Amo ele demais, não sei porque ele faz isso comigo. Eu dei para ele a menina que ele queria. Mesmo. Embora eu não goste dela – também, porque eu tenho que dividir ele com alguém, se ele é só meu? – eu dei o que ele queria, uma filha. Não me lembro direito porque começamos a andar juntos, um amigo dele, eu acho. Muito ácido. Não sei como a menina não nasceu torta, mas o Grino não me deixou viajar enquanto eu estava prenha. Ele nunca me tratou bem, mas é assim que eu gosto dele: sincero. Pessoas que te mentem, as outras, sempre são gentis. Elas são gentis porque elas dizem que não querem te machucar. Tu sempre se machuca, até porque elas fazem questão de mentir. Bem que eu gostaria de fazer com que elas morressem, vou pedir para o Grino matar elas.

Eu sei que ele vai voltar, ele me ama, do jeito dele, mas me ama. Faz sete meses que ele se foi, disse que tinha um negócio urgente para cuidar. Não disse mais nada, apenas bateu a porta e desapareceu. Não ligou, não mandou carta, não disse se ainda estava vivo, mas sei que está, posso sentir isso.

domingo, 22 de maio de 2011

Sábado, o dia do nerd feliz

Como previamente postado aqui no blog, dia 21/05 seria mais uma data histórica. Não, não se trata do tão difamado fim do mundo - o que se revelou uma decepção para muita gente que tava torcendo para que tudo acabasse logo. Tratou-se, sim, de mais uma edição do Jogo Justo. desta vez, fui avisado previamente e programei-me para aproveitar. Não que seja, algo, "oh, meu deus, é algo imperdível, jogos quase de graça", mas 50% de desconto já é algo.

As lojas abrem as 10h da manhã, então botei o despertador para as 9h para ter o tempo necessário. Peguei o bus as 9h15m no centro e, voilà, 15 minutos depois eu estava entrando no shopping. Claro que minha mente insana já imaginou que o local estaria tomado de pessoas, que não teriam jogos suficientes para todos e que eu teria perdido meu tempo indo até lá (prazer, pessimista é meu nome do meio). O que aconteceu não foi nada disso, na frente da loja organizavam-se em uma fila, em torno de 13 pessoas. Quero dizer, 13 nerds de carteirinha. Nunca me senti tão normal. Um deles usava uma camiseta do Link (ok, confesso que resisti à vontade de vestir minha camiseta do Vendetta). O que eu mais achei curioso é que tinha um aparato, mesmo que pequeno, de seguranças em torno do local. Deve ter sido o trabalho mais fácil do mundo. O que poderia acontecer? Eles usarem sabres de luz para invadir a loja? Enfim, até tentei puxar assunto com o cara que estava na minha frente na fila, mas não obtive muito sucesso (normalmente eu não puxo conversa com ninguém, mas ali, tava me sentindo mais à vontade).

Chegou a hora: 10h. As portas foram abertas e um senhor surgiu com um bloco de papel na mão, distribuindo números. Ganhei a ficha 14 e já comecei a surtar, pensando que não teria jogos suficientes para todos, que eu sairia dali de mãos trêmulas e vazias. A fila demorava e meu nervosismo aumentava. Chegou a minha vez, dirigi-me até o balcão:

- Quero o Marvel VS Capcom 3.

- Sim, claro, é o penúltimo, preciso de um documento seu para preencher o cadastro.

Dei-lhe minha carteira de motorista e retirei meu cartão do banco para pagar. Ele viu e falou:

- Olha só, tem que ser em dinheiro.

Aaaaaaaah.

- Por favor, tu reserva para mim que eu vou até o caixa mais perto e já volto.

- Ok.

Sai voando baixo até o caixa eletrônico. Voltei rapidamente com a grana, entreguei-lhe e peguei o jogo. Abracei-o carinhosamente, embalei o no colo e acariciei-o e disse-lhe: você será meu filho favorito agora, chamarei-o de cabeça quadrada. Quando vi que toda loja olhava para mim, baixei a cabeça, guardei o jogo e retirei-me rapidamente.

Nunca um bus demorou tanto. Levei intermináveis 20 minutos para chegar em casa e poder saborear aquele momento. Ainda tive o sangue frio de tirar uma fotografia da minha criança antes de tirar de sua embalagem: