terça-feira, 31 de maio de 2011
Esses jogos de hoje...
sexta-feira, 27 de maio de 2011
Jogo rápido
Galaxye - Capítulo I - Parte II
GALAXYE
CAPÍTULO I
Parte II
Todos entram no carro e seguem viagem. A estrada parecia cada vez mais vazia. Nenhum carro no sentido contrário. A faixa amarela some por debaixo dos faróis do Galaxye. Grino acende seu último cigarro. A fumaça vai preenchendo pouco a pouco todo o interior do carro espaçoso. D.B. está limpando sua Desert Eagle, quando se dá conta que deixara seus óculos escuros no outro carro.
- Foda-se! - fala D.B. despedindo-se dos óculos.
- Quando quiseres - responde Ângela.
- Não falei contigo.
Grino solta uma pequena risada pelo canto da boca lembrando das boas fodas com Ângela. Deixando a arma dentro da pasta preta D.B. aperta mais um pouco o curativo feito no braço e veste sua jaqueta de couro.
Rocco abre outro papelote de stardust, mas desiste de aspirar. Apenas deita a cabeça para trás e deixa que os pensamentos passem por sua cabeça e o leve para onde quiserem. Em milésimos de segundos está em uma sala muito grande. Paredes brancas, os únicos móveis são a cadeira e a mesa onde Rocco encontra-se. Ele vê uma porta aparecer no fundo da sala, muito longe dele. Alguém aparece na porta, acena para ele e o chama. Ele levanta-se e vai em sua direção. Tenta visualizar melhor a pessoa que está lá. Cada vez que ele reconhece quem é, muda a pessoa, assim sucessivamente, sem que ele nunca saiba ao certo quem está lá. Ele vai em direção à porta, mas não consegue aproximar-se. A cada passo que dá, o chão da sala aumenta de comprimento enquanto as paredes diminuem de tamanho. Ele começa a correr e o chão aumenta mais rápido enquanto as paredes diminuem mais depressa. A porta continua longe, ainda tem alguém lá, mas o chão inexplicavelmente sumiu. Ele está flutuando, não, está caindo. Ele olha para cima, a pessoa está lá em cima, diminuindo, mas estendendo a mão para ele. Ele tenta alcançá-la, ele está voltando, está chegando mais perto, o rosto continua a mudar. Quando está prestes a alcançá-la a pessoa recolhe a mão, vira-se e vai embora. Ele começa a cair novamente, mais rápido ainda, no escuro, nada se vê. De repente vê água debaixo dele, vai cair na água. Mas à medida que se aproxima, a água parece endurecer, congelar, está prestes a se chocar no gelo. Mas o gelo é fino. Ele fica surpreso ao ver uma rachadura no gelo exatamente onde ele vai cair. Atravessa a fina camada de gelo sem sentir o impacto, mas a água gelada lhe bate no rosto como uma bola de basquete cheia de água. Seu corpo vai esfriando aos poucos, ele sente que vai morrer em poucos segundos, quando surge um raio de sol. Ele esquece a água, o gelo, a sala e olha o sol, tudo para ele é o sol. Sente-se aquecido, esquece os problemas. Mas a luz do sol não é eterna. Vem a noite e a falta de calor. A água tornou-se fria como nunca, congelando todas as extremidades de seu corpo e fazendo com que elas caiam uma a uma. Ele pode ver seu rosto necrosado no reflexo da água. Ele sente a morte de aproximando-se, sua alma saindo aos poucos de seu corpo. Quando o último resquício de alma está deixando o seu corpo o sol volta a brilhar, fazendo com que se recomponha novamente para que logo a noite venha tirar mais um pedaço de sua alma. Mas uma turbulência interrompe tudo e Rocco volta à realidade com D.B. sacudindo seu braço e chamando-o.
- Rocco, está dormindo de olhos abertos. É sua vez de dirigir. Está de tanque cheio? Vai ser uma longa noite. Seu turno vai até às 6 horas.
Rocco olha para o relógio que marcava 11h 38 min. Grino acordou quando o carro parou no acostamento. Perguntou quem era o motorista desta vez. Ao ver Rocco assumindo a direção voltou a dormir depois de pedir que o acordasse quando passasse por um posto de gasolina. Ângela sentou-se no banco traseiro ao lado de D.B..
- Posso deitar minha cabeça no seu colo – perguntou Ângela a D.B. com um pequeno sorriso maquiavélico no rosto.
- Não encoste em mim – respondeu D.B.virando o corpo para a janela e tentando pegar no sono – você ainda está viva.
- Você é um doente.
D.B. preferiu não discutir o mérito de quem seria mais doente ali naquele grupo, tentou pegar no sono. Seu braço ainda doía, mas nada que lhe restringisse algum movimento. Adormeceu imaginando como seria sua vida se a sua namorada ainda estivesse viva. Ele sabia que ela acabaria morta de qualquer jeito.
Todos dormiam, menos Rocco. O velocímetro marcava
Depois de um sono pesado, Grino acorda quando chegam num posto. O dia começa cinzento. Ainda com o sonho na cabeça, "Acho que encontrei amor de verdade", pensa. "Já tive um, já tive mais que isso". Tinha conhecido na internet, conversando sobre bobagem. Vida rebentada, um monte de letras numa tela branca, não podes ver a cara da outra pessoa lá. Só a alma. "Como se eu tivesse uma", pensa. Não sabia mais nada sobre ele, só que era perfeito, tinha lido todas as coisas certas, medos parecidos, mas vidas diferentes. Tanta coisa tinha acontecido, tanta merda tinha rolado por debaixo da ponte, nada resolvido, e um corpo que não obedece. Tinha visto de tudo, tinha feito de tudo, não sabia quantas pessoas tinha matado. Sente-se como se estivesse em alguma história ruim, daquelas vendidas em papel jornal. Não sabia onde tinha descoberto os gostos que comandavam sua vida. "Nunca vou poder ter uma porra de uma família, nunca vou poder ter a porcaria da casa de cerca branca, sair de noite num cinema. Nunca me preocupar com os outros enquanto o beijava no parque, nunca ler o jornal depois de ter feito amor". Lembra de todas as pessoas que amou de verdade, e como ele sempre acabava por machucá-las, algumas de forma menos metafórica que as outras. Se lembrou de Lívia, e seu olho roxo, se lembrou do rosto de Marcos, e suas lágrimas de cristal, lembrou até dessa que tinha por agora. Amor real, imediato, mas sempre emperrado. De que adianta? De que adianta? O dia começava cinzento, e se olha no espelho. "Tenho que fazer a barba" e se levanta.
Todos pegam suas respectivas armas colocam-nas na cintura. Grino e Ângela saem do carro. Semblantes pesados, dores diferentes. Rocco parecia não ter dormido, mas se bem que parecia que ele nunca tinha dormido. D.B. segurava o braço onde tinha sido machucado, Rocco segurava o braço onde não tinha mais veias. Ângela tinha uma cara cansada, Grino com um leve sorriso no rosto. Ângela tremeu, sabia o que aquilo significava. Não tinha escapatória para ela, fadada a ter que implorar por ser amada. Ela não era fria, ela era uma mulher simples e ainda é. Quer casa, comida, marido, mas não sabe como pedir, não sabe o que fazer.
* * *
Faz pouco tempo que ela começou a caminhar. Tem coisa de nove meses. Não sei se isso é muito ou pouco tempo. Não sei de nada, eu não nasci para ser mãe. Na realidade, eu não nasci para ser nada. Mas é uma guria bonitinha até, não parece ser muito burra. Ela tem cabelos pretos como eu, mas acho que vai ser melhor que eu.
Estão batendo na porta, deve ser a minha encomenda. Sessenta e quatro contos na minha mão, eu pego o pacote. Lá dentro, uma dose até decente de o que quer que seja. A menina chora de novo, acho que eu tenho que dar um nome para ela. Não gosto dessa história de ter de cuidar de alguém que não pedi para estar aqui. Ela cheira mal, afinal de contas, se caga nas calças, eu não quero ter uma cagona por filha.
Faz ano e meio que eu e o Grino nos conhecemos. Amo ele demais, não sei porque ele faz isso comigo. Eu dei para ele a menina que ele queria. Mesmo. Embora eu não goste dela – também, porque eu tenho que dividir ele com alguém, se ele é só meu? – eu dei o que ele queria, uma filha. Não me lembro direito porque começamos a andar juntos, um amigo dele, eu acho. Muito ácido. Não sei como a menina não nasceu torta, mas o Grino não me deixou viajar enquanto eu estava prenha. Ele nunca me tratou bem, mas é assim que eu gosto dele: sincero. Pessoas que te mentem, as outras, sempre são gentis. Elas são gentis porque elas dizem que não querem te machucar. Tu sempre se machuca, até porque elas fazem questão de mentir. Bem que eu gostaria de fazer com que elas morressem, vou pedir para o Grino matar elas.
Eu sei que ele vai voltar, ele me ama, do jeito dele, mas me ama. Faz sete meses que ele se foi, disse que tinha um negócio urgente para cuidar. Não disse mais nada, apenas bateu a porta e desapareceu. Não ligou, não mandou carta, não disse se ainda estava vivo, mas sei que está, posso sentir isso.
domingo, 22 de maio de 2011
Sábado, o dia do nerd feliz
Como previamente postado aqui no blog, dia 21/05 seria mais uma data histórica. Não, não se trata do tão difamado fim do mundo - o que se revelou uma decepção para muita gente que tava torcendo para que tudo acabasse logo. Tratou-se, sim, de mais uma edição do Jogo Justo. desta vez, fui avisado previamente e programei-me para aproveitar. Não que seja, algo, "oh, meu deus, é algo imperdível, jogos quase de graça", mas 50% de desconto já é algo.
As lojas abrem as 10h da manhã, então botei o despertador para as 9h para ter o tempo necessário. Peguei o bus as 9h15m no centro e, voilà, 15 minutos depois eu estava entrando no shopping. Claro que minha mente insana já imaginou que o local estaria tomado de pessoas, que não teriam jogos suficientes para todos e que eu teria perdido meu tempo indo até lá (prazer, pessimista é meu nome do meio). O que aconteceu não foi nada disso, na frente da loja organizavam-se em uma fila, em torno de 13 pessoas. Quero dizer, 13 nerds de carteirinha. Nunca me senti tão normal. Um deles usava uma camiseta do Link (ok, confesso que resisti à vontade de vestir minha camiseta do Vendetta). O que eu mais achei curioso é que tinha um aparato, mesmo que pequeno, de seguranças em torno do local. Deve ter sido o trabalho mais fácil do mundo. O que poderia acontecer? Eles usarem sabres de luz para invadir a loja? Enfim, até tentei puxar assunto com o cara que estava na minha frente na fila, mas não obtive muito sucesso (normalmente eu não puxo conversa com ninguém, mas ali, tava me sentindo mais à vontade).
Chegou a hora: 10h. As portas foram abertas e um senhor surgiu com um bloco de papel na mão, distribuindo números. Ganhei a ficha 14 e já comecei a surtar, pensando que não teria jogos suficientes para todos, que eu sairia dali de mãos trêmulas e vazias. A fila demorava e meu nervosismo aumentava. Chegou a minha vez, dirigi-me até o balcão:
- Quero o Marvel VS Capcom 3.
- Sim, claro, é o penúltimo, preciso de um documento seu para preencher o cadastro.
Dei-lhe minha carteira de motorista e retirei meu cartão do banco para pagar. Ele viu e falou:
- Olha só, tem que ser em dinheiro.
Aaaaaaaah.
- Por favor, tu reserva para mim que eu vou até o caixa mais perto e já volto.
- Ok.
Sai voando baixo até o caixa eletrônico. Voltei rapidamente com a grana, entreguei-lhe e peguei o jogo. Abracei-o carinhosamente, embalei o no colo e acariciei-o e disse-lhe: você será meu filho favorito agora, chamarei-o de cabeça quadrada. Quando vi que toda loja olhava para mim, baixei a cabeça, guardei o jogo e retirei-me rapidamente.
Nunca um bus demorou tanto. Levei intermináveis 20 minutos para chegar em casa e poder saborear aquele momento. Ainda tive o sangue frio de tirar uma fotografia da minha criança antes de tirar de sua embalagem:
sexta-feira, 20 de maio de 2011
Galaxye - Capítulo I - Parte I
Inaugurando a seção Escritor Frustrado, toda sexta-feira colocarei um capítulo da minha tentativa frustrada de escrever uma novela tarantinesca.
GALAXYE
CAPÍTULO I
Parte I
Entram no carro, quando a chave completa a ignição o motor ronrona baixinho, esperando que seja ordenado. Os quatro se põe em posição, janelas semicerradas, a fumaça dos diversos cigarros se misturando num miasma profano. Cada um deles tem um motivo diferente para a decepção, e cada um deles a saboreia como o fino vinho que ela realmente é.
O Galaxye responde silenciosamente, obediente aos comandos da motorista, domado, incapaz de reagir ao amor com que ela o conduz. No rádio, uma menina canta sobre amor sem sexo, sobre paixão e nojo, sobre carinho e perdição. Conversam pouco, as palavras lutando por se manterem não proferidas, mãos nervosas cruzadas, procurando uma segurança impossível.
São quatro pessoas, três homens e uma mulher. São jovens o suficiente para não terem medo, mas velhos o suficiente para serem paranóicos. Estrada passa por eles indiferente, igual. Uma luz ocasional num casebre distante, um ocasional automóvel em direção contrária. Um deles retira uma maleta e a abre, dentro, stardust, e armas: uma Desert Eagle .50 prateada, e três Glock .19 negras. Inscrito ao lado da arma prateada, em letras pequenas e corridas: Shall I die of love, shall I die alone.
O homem que pegou a maleta, loiro, magro, mãos grandes e octopodais abre um papelote de stardust, e a aspira. O homem ao lado deste, ambos no banco de passageiros, um pouco mais baixo, óculos escuros no rosto, jaqueta de couro, tatuagem no braço: hello spaceboy. Olha para a rua, ao longe, nota um carro parado.
A motorista diminui a velocidade, o homem da jaqueta pega a arma prateada. Os outros dois, um homem um pouco gordo, do lado da motorista pega uma das Glock, e passa uma para a mulher, e magro pega uma outra. Descem do carro, todos em silêncio, e se aproximam. É um carro como o deles, luzes ligadas, as quatro portas abertas, mas a placa é diferente: nela se
Rocco aproxima-se da parte da frente do carro, ainda acelerado pela dose de stardust aspirada. Tenta visualizar alguma coisa fora da estrada mas sem sucesso. Coloca a mão em cima do capô do carro.
- O motor está quente - avisa para os outros.
- Vamos sair daqui, é uma armadilha...são eles... - começa a falar alucinadamente Ângela
- Cala a boca - rosna Grino.
PAFT.
Grino afasta-se de Ângela deixando-a de joelhos no chão. O sangue escorre de seu nariz enquanto uma lágrima desce pelo seu rosto e alcança o canto da boca onde se nota a sombra de um sorriso de satisfação. Grino pega sua Glock da cintura começa a costear a estrada na esperança de encontrar algo que pudesse acalentar o seu desejo de depredação.
D.B. anda em direção da porta do carona. Tira os óculos escuros e coloca-os em cima do painel. Faz uma vistoria nos bancos, no chão do automóvel e no painel. Aproxima-se do porta-luvas, coloca o ouvido perto, nenhum som, resolve abri-lo com o máximo de cuidado. Ao ver a hesitação de D.B., Ângela aproxima-se do carro pela porta do motorista e abre a tampa do porta-luvas com um só golpe.
- Deixa de ser covarde, abre de uma vez essa merda.
Dois dardos disparam do porta-luvas atravessando a jaqueta de couro de D.B. e penetrando no seu braço esquerdo. Com o susto ele deixa cair seus óculos no chão do carro sem perceber.
- Porra, olha o que você fez sua cadela - gritou D.B. enquanto tirava a jaqueta e massageava o braço tentando estancar o sangue que corria.
- Eu disse que era uma armadilha - fala Ângela soltando uma gargalhada.
Grino volta decepcionado por não ter gasto nenhuma bala. Olha para o braço de D.B. e pergunta o que houve.
- Esta vadia acionou uma armadilha do carro que furou o meu braço - esbravejou D.B..
- Pare de reclamar. O que é mais uma cicatriz? - indaga Grino
- Não é no seu braço, filho da...
D.B. para de falar ao olhar a pequena cicatriz que aparece perto do pescoço de Grino, mas que se alastra por debaixo do terno pelo resto de seu corpo como um batalhão de vermes em cima de um cadáver.
- Não está óbvio que o carro está preparado para receber pessoas indesejáveis...como nós? - Rocco cospe as palavras.
- Vamos embora, já disse é uma armadilha - grita Ângela.
- Não vamos embora sem antes ver o que tem no porta-malas - fala Grino preparando-se para dar outro tapa em Ângela.
Rocco tentar segurar a mão de Grino, mas não consegue conter sua força, apenas ameniza a dor recebida no rosto dela. Ângela se esvai em sorrisos e parece estar chegando ao orgasmo.
-...se tivesse sido mais forte - divaga Ângela.
Ângela pega a chave da ignição com todo o cuidado, tentando não disparar nenhuma armadilha e entrega a Rocco, que vai até o porta-malas, destranca e hesita um pouco antes de abrir.
- Abre esta merda de uma vez - fala Grino.
- Deve ter outra armadilha.
Com a agilidade de um maestro Grino saca sua Glock e dispara seis tiros em cima do porta- malas do carro.
- Se tinha uma pessoa, já morreu, se tinha uma armadilha, desarmou-se.
- Seu dinamismo me espanta Grino.
Esperam alguns segundos, na esperança de ouvirem algum gemido ou apenas um “click” de destravamento para terem uma segurança ilusória. Afastando-se um pouco, Rocco abre o porta-malas, ainda cautelosamente. Vazio, a não ser pelos buracos no fundo feitos pelas balas da Glock de Grino.
- Vamos embora de uma vez, não tem nada que nos interesse aqui - insiste Ângela..
- Foda-se. Não vou sair daqui machucado e de mãos vazias. É óbvio que deve ter alguma coisa escondida no carro e quem a escondeu não seria tão estúpido de colocar no porta-malas ou porta-luvas, seriam os primeiros lugares a serem vasculhados, como nós fizemos. Vamos depenar este carro. Rocco vai lá no carro e pega a picareta, a mangueira e o galão. Aproveita e traz um pano qualquer para eu fazer um torniquete. Enquanto isso Ângela abre o motor do carro e veja se tem algo que nos interesse.
Contrariada Ângela abre o capô do carro, mas nada acontece. Verifica os componentes do motor, nada interessante. D.B. senta-se na estrada segurando o braço, tentando estancar o ferimento. O sangue escorre pelo seu braço e cai no asfalto, trazendo-lhe algumas lembranças. Lembra-se dos dias em que tinha uma vida normal, ou pelo menos uma sombra dela. Não poderia durar para sempre, sabia disso. Parece que adivinhava que um dia iria se encontrar sangrando em uma estrada escura na companhia de um maníaco depressivo viciado, uma puta e um psicopata esquizofrênico. Acabara por tornar-se um deles, sentindo-se doente e sujo, mais morto do que vivo. Não conseguia sentir mais calor humano, ele mesmo não irradiava mais calor. Era apenas uma “noz vazia” como costumava definir-se. Quando foi a última vez que dormira com uma mulher viva?
- 6 anos - responde para si mesmo D.B.
Grino vê que D.B. está em uma de suas crises nostálgicas e resolve fazer algo de útil. Pega seu canivete automático e rasga os bancos à procura de algo interessante. Rocco chega e entrega um pano sujo de óleo para D.B.. Ele rasga o pano e faz dois torniquetes cobrindo as duas feridas. Grino já terminara de depredar os bancos e estava abrindo o forro do carro quando Rocco lhe entregou a picareta. Ângela voltou para o carro deles e sentou-se no capô para apreciar melhor o show de vandalismo proporcionado por seus colegas.
- Isto vai dar para alguns quilômetros - pensou Rocco ao terminar de tirar toda a gasolina do tanque.
Grino estava em cima do carro golpeando o capô com a picareta e dando um show à parte, exasperando toda a raiva guardada dentro de si por uma vida inteira. Um golpe no vidro frontal o despedaçou em mil pedaços. Grino parecia ter roubado a alma de alguém ao fazer isso. Depois de demolir a frente do carro foi para a parte traseira e golpeou o porta-malas e o vidro traseiro. D.B. sentou no banco do motorista e apertou a buzina, porém não fez barulho algum. Pensou que Grino já poderia a ter danificado, mas resolveu desmontar o volante. Foi para a sua surpresa que atrás da buzina encontrou um saco com um pequeno anel prateado com um pequeno rubi. Na parte interna do anel estava escrito “Lady”.
- Grino, dê uma olhada aqui.
- O que foi?
- Isto estava escondido dentro do volante.
- O que é?
- Não sei, mas para estar escondido deve ser algo importante. Dê para Ângela, pode ser que você consiga comer ela mais algumas vezes com isso.
- Não preciso de presentes para comer alguém.
Grino e D.B. voltaram para o carro deles. Mostraram a Ângela e Rocco o que haviam achado. Rocco analisou o anel, mas não descobriu nada interessante sobre ele, só falou que poderia valer algum dinheiro, para quem soubesse o que é. Ângela decidiu usá-lo até que se resolvesse o que fazer com ele.
quinta-feira, 19 de maio de 2011
Bus to the future
quarta-feira, 18 de maio de 2011
terça-feira, 17 de maio de 2011
House sem Cuddy
Refilmagem oitentista: A hora do espanto
Dia do Jogo Justo e Jogos Grátis na PSN
- Dead Nation
- inFAMOUS
- LittleBigPlanet
- Super Stardust HD
- Wipeout HD + Fury
- - Call of Duty Black Ops – PS3
- - Call of Duty Black Ops – Xbox 360
- - Castlevania Lords of Shadow – PS3
- - Castlevania Lords of Shadow – Xbox 360
- - Donkey Kong Country Returns – Wii
- - Fallout New Vegas – PS3
- - Fallout New Vegas – X360
- - FlingSmash – Wii
- - Golden Sun Dark Dawn – DS
- - Marvel vs Capcom 3 Fate of Two Worlds – PS3
- - Naruto Shippuden Ultimate Ninja Storm 2 – PS3
- - Naruto Shippuden Ultimate Ninja Storm 2 – X360
- - New Super Mario Bros – Wii
- - Pro Evolution Soccer 2011 – PSP
- - Super Mario Galaxy 2 – Wii
- - The Legend of Zelda Spirit Tracks – DS
- - Vanquish – PS3
- - Vanquish – X360
- - Wii Party – Wii
segunda-feira, 16 de maio de 2011
sábado, 14 de maio de 2011
Ser nerd
Ser nerd atualmente é uma barbada. Tem até série vangloriando esta condição. Creio que este fator foi fundamental para nossa evolução. Talvez o reconhecimento do problema dos bullies tenha ajudado.
Esses dias, passando por uma praça, vi dois adolescentes jogando Magic... em plena luz do dia!! Na rua!! Na minha época de adolescente, lá pelos idos dos anos 90, era jogador assíduo de GURPS e AD&D. Mas quase ninguém sabia disso, apenas o grupo seleto com quem eu jogava. E nunca imaginaria em fazer uma coisa destas em público. Escondíamos em catacumbas e quartos isolados, janelas fechadas, meia-luz para enfrentar orcs, goblins e fugir de calabouços e dragões. No máximo, enfrentávamos a luz do dia para ir até a loja Planeta Proibido, ali no centro, para assistirmos alguma partida, mas nunca nos expusemos muito. Era questão de vida ou morte. Às vezes nos refugiávamos no fliperama, mas sempre nas máquinas mais ao fundo, longe da entrada para não ficarmos muito na vista. Andar com um gibi de quadrinhos debaixo do braço em plena luz do dia era sentença de morte. Íamos sorrateiramente até a locadora de games, e voltávamos esgueirando-nos pelas marquises, com o jogo enfiado dentro do casaco para ninguém ver. Jogadores de videogame eram considerados seres inferiores, que não saíam de casa e não gostavam de pessoas.
Hoje agora é beeem diferente! Nerds são vangloriados e até quem não é nerd se acha no direito de se passar por um. Estes nerds posers não sabem pelo que tivemos que passar para sermos considerado gente. Agora qualquer um que use uma camiseta do lanterna verde é considerado nerd... bom, antigamente isso também acontecia, mas em vez de sermos destacado na multidade e considerado cool, nossa classificação ficava entre uma barata e aquela babinha seca que fica no canto da boca num dia quente.
Então, amigo nerd, hoje, quando vestir aquela sua camiseta do Wolverine, lembre-se do sofrimento que seu povo teve que passar para você usar esta roupa com orgulho e sem medo de ser ridicularizado na rua.
Film du Jour: Troll Hunter
segunda-feira, 9 de maio de 2011
Dica de filme - Ed Wood
sábado, 7 de maio de 2011
A tirinha, a explicação e um breve histórico dos meus videogames
Esta tirinha é mais uma do site Linha do trem que costumo acompanhar de tempos em tempos. Lá tem materiais engraçados, às vezes relacionado com o mundo nerd (ou geek). Mandei esta tirinha para um grupo de amigos, porém, apenas uma pequena parcela entendeu e achou graça. Percebi que para pegar esta sacada precisaria de um level de nerdisse em videogames alto, lá perto do lvl 90 (numa escala de 1 a 100) e conseguir um sucesso decisivo nos dados.
Pensando nesta parcela população, resolvi elaborar uma explanação e, aproveitando o momento, um breve histórico de minha relação com os videogames (se você não quiser ler esta pequena história, pode ir direto para o sétimo parágrafo, onde está marcado em negrito, para ver a explicação da tirinha).
Nasci em 1980, na então era de início dos jogos eletrônicos. As casas de fliperama já existiam há algum tempo e tomavam grande parte da minha mirrada mesada. Foi em torno de 1987 que tive a oportunidade de ter um videogame em casa. Meu avô tinha um amigo que viajava seguido para Miami e de lá trazia coisas diferentes que nós, os índios, não estavam acostumados. Sentia-me como um morador da Ilha de Vera Cruz impressionado com os badulaques que os portugueses traziam. Sim, naquela época as coisas não vinham ainda do Paraguai, pois não existia tanta falsificação ainda. Enfim, foi através desse amigo que meu avô comprou um tal de Atari, o primeiro videogame que eu teria acesso. Era uma coisa meio bizarra, um aparelho que você conectava na TV, com dois controles, e consegui controlar formas básicas na tela: uma “bola” dentro de um labirinto seguida por “fantasmas”. Meu avô já tinha lá seus sessenta anos e ficou impressionado com aquilo. Eu, como toda criança, também.
Então, pouco tempo depois, minha avó me deu aquele videogame, pois meu avô passava muito tempo na frente da TV e aquilo estava estragando a chão da sala (ele fica nervoso com o jogo e arrastava os pés, esfregando-os no chão).
Ali começou minha história mesmo. Vieram algumas fitas, às quais joguei à exaustão. Adquiri algumas outras, alugava algumas também (sim, eu posso dizer que aluguei fitas de atari). Foi assim até o início da década de 90, quando surgiram os videogames de segunda geração, entre eles o Master System, que, comparado aos gráficos do atari, era uma revolução. Não pensava em outra coisa, eu tinha que ter um deles. Em 1991, meu pai, através de um esforço financeiro (ah, eu merecia, era estudioso e um bom filho), comprou o bendito. Lembro que ficava contando as horas no colégio para chegar em casa e jogar Castle of Ilusion, o primeiro jogo que veio com o videogame. Ok, talvez isso tenha prejudicado um pouco meu desempenho no colégio, mas nada que uma semana de castigo não resolvesse. Uma coisa bizarra: hoje ninguém imagina um negócio desses, mas naquela época, o Master System não tinha o botão de Pause no controle, ele era no console, ao lado do botão de Reset. Não imagina quantas vezes eu tinha que Pausar rapidamente e apertava o botão errado sem querer (Noooooooooooo).
Porém, logo lançaram os videogames de terceira geração, aqueles com 16 bits. Comprava as revistas de videogame (em especial a revista Videogame) e as lia de cabo a rabo. Ficava imaginando como seria jogar num console daqueles. Mas, como não tinha acesso a ele, a tentação não era tão grande. Ah, mas todo mundo tem ou um primo mais riquinho e chato, ou um vizinho assim. E o diabo do guri tinha o videogame. E um dos jogos era o famigerado Altered Beast.
E aqui vem a explicação da tirinha: os jogos do Mega Drive tinham gráficos e sons beeem melhores do que o do Master System. Porém, se comparados aos consoles de agora são verdadeiros lixo. Neste jogo em particular, o Altered Beast (pronunciávamos, na época, auterédi bésti), o som, analisando-o agora, era horrendo. A história era que a filha de Zeus, Atena, foi sequestrada por Neff e Zeus ressuscita um Centurião para resgatá-la (ei, Zeus é grego, centurião é romano... hum, agora que me dei conta disso). No início do jogo, aparecia Zeus ressuscitando o Centurião, dizendo a frase RAISE FROM YOUR GRAVE. Porém, como o som era horrendo, soava mais como RAIS FORNOGREI. Você começava o jogo fraquinho, porém, quando matava um lobo branco de duas cabeças (que eu achava que era um boi, na época) ele liberava uma esfera que se você pegasse, ia ficando mais fortes e uma voz dizia POWER UP, que, devido à magnitude do som, soava mais como ÃUER-Ã.
Aqui, segue um pouquinho do jogo para você dar uma viajada:
Em outro post, continuo minha saga dos videogames.